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sábado, 10 de novembro de 2018

Em breve ...

Em breve irei terminar de reescrever os posts antigos para dar seguimento a esta história que ainda não possui um fim determinado, visto que ainda tenho muitas coisas para viver... Até!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Então eu vi a sua mão sobre mim...

Naquela manhã de 03 da março de 2004, nós acordamos bem cedo para mais uma saga. Desta vez, o destino seria o Hospital Universitário Antônio Pedro, localizado em Niterói. O meu tio José, fazia tratamento lá e, por isso, se ofereceu para nos acompanhar. Ele conhecia a assistente social, Margareth, e uma das enfermeiras, Ana, e, talvez elas, pudessem nos ajudar em algo... Do terminal rodoviário de Niterói ao hospital, seguimos a pé, pois o dinheiro estava um pouco apertado, já que meu pai estava desempregado e minha mãe havia deixado suas costuras por mim. Eu não aguentava andar muito rápido e, por isso, tivemos que parar diversas vezes. Além da dor de cabeça, que não cessava, somente aliviava um pouco com os remédios, eu me sentia muito cansada e tinha enjoos constantemente. Minha tendência sempre foi ser magra e, com tudo o que estava passando naquela época, acabei perdendo peso e não estava com uma aparência muito agradável. Além disso, o meu olho esquerdo permanecia fechado, o que me fazia vítima dos olhares das pessoas na rua. Inclusive, em uma destas idas e vindas, durante aqueles dias de infinitas peregrinações, um vendedor de refrigerante me avistou, da janela do ônibus, apontou em minha direção e, sem se conter, esbravejou para o seu colega: "Caraca, olha só, a menina é caolha." Isso rasgou o meu coração em mil pedaços. Eu nunca me senti bonita. sempre tive problemas com o espelho. Odiava quase tudo em mim: Cabelos, corpo, olhos, boca, nariz, cor... E, a atitude daquele homem me fez sentir como uma verdadeira aberração ambulante...

Quando enfim, chegamos ao HUAP, eu senti que algo diferente estava para acontecer. Era uma sensação de paz... Meu tio conseguiu explicar o que estava se passando para as suas conhecidas e elas foram em busca de alguém que pudesse ajudar na situação. Fiquei surpresa com o fato de que estas pessoas. que mal me conheciam, se disponibilizaram prontamente a, pelo menos, tentar fazer alguma coisa... Esperamos por quase toda a manhã. Eu, sempre com um caderninho em mãos, escrevendo poesias, desenhando e registrando um pouco do que estava sentindo durante aqueles dias. Inclusive, muitas das coisas que aqui foram escritas, são frutos destas anotações.  

Ainda no corredor, eu vi quando trouxeram uma ficha para minha mãe preencher. Fui internada naquele mesmo dia. Como não haviam leitos disponíveis na enfermaria, fui levada à emergência. Eu nunca havia ficado internada em toda a minha vida! Disse à minha mãe que não queria ficar, mas ela, sempre tentando transmitir calma, me abraçou e disse que também não era seu desejo me deixar ali, mas era extremamente necessário. Não pude conter as lágrimas. Eu chorei por quase uma hora! A enfermeira que colocou o medicamento em minha veia, disse com muita paciência que eu precisava me acalmar, pois, na minha situação, eu não poderia ter emoções fortes.

Minha mãe não saiu do meu lado em momento algum! Ela se mostrou sempre tão forte! Como eu a admiro!

A partir de então, inicia-se não somente um tratamento clínico, mas o processo de cura em meu interior. A "Artéria da minha Alma" estava sendo tratada e, por mais que eu estivesse abalada emocionalmente, conseguia ver que a mão Dele estava sobre mim, o que me levou a uma compreensão maior de tudo o que estava acontecendo. Há pouco tempo atrás, eu não conseguia acreditar na real existência de Deus. Ele poderia ter simplesmente me ignorado ou retirado a minha vida por tais pensamentos que passaram pela minha mente. De uma criança apaixonada por Ele, eu havia me tornado uma pessoa cheia de ódio, rancor e dúvidas, inclusive sobre o seu caráter ... E, ao invés disto, Ele escolheu me acolher e responder a todos os meus questionamentos.

Passei algumas noites ali mesmo, na emergência, vendo todo o tipo de situação que você possa imaginar! O hospital estava consideravelmente cheio, homens e mulheres compartilhavam o mesmo espaço. Não era nada agradável estar ali.

 Em uma manhã desta mesma semana, um neurocirurgião foi avaliar o meu caso. E, para a minha surpresa, ele tinha um sotaque estrangeiro que me pareceu bem conhecido... Sim! Era o Dr. X! O mesmo médico que me atendeu no pronto socorro de SG e disse que eu não tinha nada além de um choque térmico!

- Lembra dela, Doutor?

Disse a minha mãe.

- Lembro sim!

 Respondeu ele, com a voz meio trêmula...

Prontamente a minha mãe mostrou a carta que o Doutor Raul escrevera, onde o Dr. X era mencionado, pela "importância" dada ao meu caso. Cabisbaixo, ele se retirou...

Por mais que eu tente ser técnica nestes textos, eu mal consigo lembrar de tudo isso sem que me venham lágrimas nos olhos. Não se trata apenas de emoção, mas de gratidão por tudo o que Ele fez por mim. É algo tão inalcançável compreender o amor de Deus! Eu não o merecia e ainda não o mereço, creio que jamais poderei ser digna deste amor. Todavia, a sua misericórdia está acima de todos os nossos questionamentos e, é isso nos ajuda a aceitar este amor, ainda que não o mereçamos.

Continua ...

domingo, 11 de maio de 2014

Um Deus de amor!


Aquele resultado era realmente muito agradável, mas não era o diagnóstico correto e, apesar de ser totalmente leiga no assunto, eu sabia disso. Já estávamos em Fevereiro e eu continuava sentido muita dor e, a medida que os dias iam se passando, eu conseguia entender um pouco mais da extensão do amor de Deus sobre a minha vida. Ele estava se apresentando pessoalmente para mim e isso era incrível!

Minha mãe também não conseguiu se "tranquilizar" com o que o Dr. X havia dito. Algo não estava tão bem, por mais que parecesse estar... Sempre fui muito ligada afetivamente à Dona Lita. Na minha vida, ela representou os papéis materno e paterno, já que o meu pai sempre foi tão distante, ainda que presente fisicamente. Sim, ela poderia ter se conformado com o diagnóstico médico, mas ela confiou naquilo que Deus estava nos dizendo e não aceitou a resposta. Eu creio que em todo o tempo, ela foi direcionada pelo Espírito Santo de Deus...

"O teu amor é melhor do que a vida!Por isso os meus lábios te exaltarão... Enquanto eu viver te bendirei, e em teu nome levantarei as minhas mãos." (Sl 63:03-04)

Sem muitas alternativas e, totalmente decepcionada com as atitudes do neurocirurgião, minha mãe decidiu me levar novamente ao consultório do Dr. Raul. Ele pediu para a secretária não nos cobrar a consulta e, quando entramos na sala, disse que estava nos esperando. Contamos tudo o que havia se passado e ele, com um olhar de decepção, disse que, infelizmente,  já imaginava que isto poderia acontecer. Analisou a tomografia. Realmente não apontava nada de anormal, mas disse que este exame era muito vago. Para este diagnóstico, seria necessário algo mais específico. Após pensar um pouco, começou a escrever uma carta e, ao terminá-la, disse que iria me encaminhar a um amigo seu que trabalha no Hospital Azevedo Lima, em Niterói. "Talvez ele possa ajudar em nome da nossa amizade".

No hospital, após horas de espera, fomos informadas que o diretor e amigo do Dr. Raul, não se encontrava naquele momento. Ainda assim, fomos recebidas. Todos foram muito atenciosos comigo. O médico me examinou por um tempo e confirmou o aneurisma... Ele se mostrou preocupado com a situação, mas foi muito sincero ao dizer que não achava prudente me internar, pois o Azevedo Lima estava com superlotação e não tinha condições de tratar o meu caso. Se o fizesse, eu ficaria por lá sem previsão alguma para cirurgia... Prudentemente e, eu tenho a certeza que, guiado por Deus, ele indicou o Hospital Universitário Antônio Pedro e disse que eu deveria ficar em total repouso. Sinceramente, aquela era uma peregrinação que me cansava muito! Entre ida e vindas de hospitais e consultórios, já estávamos entrando em Março. Minha mãe, havia abandonado o seu trabalho para estar comigo. O que eu mais queria era que tudo aquilo acabasse logo. Por vezes, tentei acordar daquele sonho. Era uma realidade um pouco difícil de encarar, mas eu não estava sozinha. 

"Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco, é que sou forte."2 Coríntios 12:10


Continua...

quinta-feira, 27 de março de 2014

"Bomba relógio"

Finalmente entramos na sala do Dr. Raul, um senhor muito simpático de cabelos grisalhos. Após ler a carta cuidadosamente, ele confirmou a possibilidade de que poderia se tratar de um aneurisma cerebral, apesar de achar estranho o fato de que, aparentemente, eu estivesse "bem" porque, geralmente, em casos de um aneurisma, o paciente pode apresentar um estado mais complicado. Eu não fazia ideia do que isso se tratava! Nesta época, não tínhamos acesso ao computador para que eu pudesse pesquisar no Dr. Google e compreender melhor a minha real situação, mas a expressão do médico, me fazia entender que se tratava de algo muito grave e que eu precisava de um tratamento urgente. Ele nos explicou que se tratava de um "defeito" na artéria do cérebro, o que gerou um acúmulo de sangue num determinado lugar, provavelmente foi o que "pressionou" o meu olho e, por isso , ele não abria mais. Nos orientou que eu permanecesse em total em repouso, pois, se o aneurisma se rompesse, poderia causar sequelas muito graves. Eu era uma verdadeira "bomba relógio"! O médico teve muita cautela em suas palavras para não me assustar, mas eu conseguia ver em sua maneira de falar que, uma das consequências, poderia ser a morte.

- Mãe, ela tem plano ? - Não ! - Então leve sua filha até a emergência médica de SG e entregue esta carta que vou escrever ao neurocirurgião de plantão. Fizemos isto no dia seguinte. Eu estava tão cansada que não queria fazer mais nada, apenas queria deitar em minha cama... Naquela noite, as horas pareciam infinitas. Eu estava sentindo muita dor e, além disso, tremia muito. Minha irmã, Josi, e minha mãe estiveram comigo o tempo todo... Josi e eu, desde crianças, brigávamos muito, mas eu sempre quis ser como ela. Eu sempre fui muito quieta na minha e ela, uma pessoa que cativava a todos em sua volta. Eu, a nerd. Josi, a popular. Parece coisas de filmes de adolescentes ou um drama de novela mexicana, não? Eu a admirava muito e tinha inveja por ela ser tão bonita, já que eu me sentia horrível, magra e estranha. Mais tarde, descobri que era ela quem desejava ser como eu, pois me considerava inteligente e uma pessoa de atitudes fortes. E que atitudes! Eu estava usando a minha personalidade da maneira mais errada possível...

Na emergência, procuramos o neurocirurgião... Dr. X (Prefiro não mencionar o nome dele), leu a carta e expandiu-se em gargalhadas. Sinceramente, até hoje não entendo a graça. - Este médico é um louco! Preocupar uma mãe à toa... Isto aí foi um choque térmico. Vou te explicar, você tomou banho quente e abriu a geladeira. Quem tem um aneurisma, por vezes, não consegue nem andar... não consegue abaixar a cabeça ou se movimentar. Você está muito bem fisicamente para ter um aneurisma! Por muita insistência da minha mãe e de uma irmã da igreja, que encontramos ali "por um acaso", ele finalmente pediu uma tomografia do crânio, mas insistiu em dizer que eu não tinha nada grave.

"Ele está errado!" Falou aquela voz em meu interior...

Na mesma semana, fomos buscar o resultado do exame e, para a nossa surpresa, realmente ele não acusou nada de errado comigo... Mas, então, o que realmente estaria acontecendo comigo? Eu realmente não conseguia entender porque, apensar de ouvir no meu interior que algo estava fora do normal dentro do meu corpo, o médico especialista no assunto e o exame diziam o contrário. Como ir em contra ao que as evidências estão dizendo? O único que nós tínhamos eram as suspeitas, e aquilo que eu escutava constantemente dentro de mim, dizendo que tudo iria ficar bem. "Deus, eu não sei como o Senhor vai fazer isso, mas, por favor, eu preciso que faça!"


"Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amais, guardai os meus mandamentos.E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós."
João 14:14-17



Sim! Continua ...

sábado, 8 de março de 2014

Sim! Ele é Deus!

A dor continuava cada vez mais insuportável e os remédios, apenas aliviavam um pouco. Parecia que alguém estava martelando o meu cérebro. Como eu era conhecida por ser um pouco rebelde, por sempre me vestir com roupas pretas e gostar de rock, algumas pessoas da igreja pensaram que eu estava inventando história para não participar do ensaio.

Você mesmo pode estar pensando: Porque é que ela não foi logo ao médico? Eu fui, mas na emergência do pronto socorro público, eles apenas injetavam um medicamento na minha veia e me liberavam sem fazer exame algum. Afinal, "era só uma dor de cabeça, não é mesmo?"

Fomos a um consultório particular, o médico passou alguns exames de rotina e me receitou um medicamento para enxaqueca. Tomei algumas vezes, mas depois que ele me dopava, eu acordava uma dor cada vez mais forte. Até que, numa tarde, ao acordar, eu notei que não conseguia ter domínio sobre o meu olho esquerdo. Tentei por vezes abri-lo sem sucesso algum.Com uma sensação de desespero, chamei a minha mãe, que estava trabalhando em sua máquina de costura, ela veio sem hesitar e, também assustada, tentou me ajudar a abrir o meu olho. Não obtivemos sucesso algum. Então, ela decidiu parar com a medicação e, eu creio que ela estava sendo usada por Deus, pois o remédio continha cafeína, e esta substância faz com que as artérias se contraiam... Com um tempo, você vai conseguir entender melhor o porquê...

  Voltei a tomar os outros remédios que aliviavam a dor temporariamente. Nas crises, lembro que eu apertava a mão da minha irmã, Josi, e ,por vezes, tremia muito, dos meus olhos escorriam lágrimas e em silêncio eu chorava, mas ao mesmo tempo, eu podia sentir paz. A mesma voz suave não cansava de sussurrar aos meus ouvidos que tudo iria ficar bem e que eu viveria para adorá-lo... Eu entendi, então que o Espírito Santo está muito mais além das manifestações espirituais. Por vezes eu fui criticada na igreja porque não tinha os dons, o que contribuiu para que eu entendesse que, se existia um Deus, Ele havia simplesmente rejeitado a minha existência. Afinal de contas, todos em minha volta tinham dons, menos eu... 

Não era nada fácil para mim. As pessoas perguntavam o que tinha acontecido... E como explicar? Eu não sabia o que de fato estava acontecendo! Antes disso tudo acontecer, eu havia ido ao oftalmologista justamente porque sentia muita dor de cabeça e ele, havia me diagnosticado com estrabismo. Os óculos haviam já sido encomendados e, na mesma semana em que o meu olho esquerdo fechou, eu teria que voltar para que o médico confirmasse se as lentes estavam de acordo com sua prescrição.

O Dr. Rubens perguntou como o meu olho havia fechado e nós contamos para ele toda a história. Ele me examinou, pensou, repensou e, por fim, não conseguiu conter sua expressão de susto. Ele parecia muito preocupado, tenso, surpreso com o que teria descoberto... -"Mãe, isto não é nenhum problema na vista", ele disse, e continuou ... -"Tenho uma suspeita, mas só um especialista poderá confirmá-la." Pegou uma caneta e começou a escrever em seu bloco de anotações, arrancou a folha e a colocou dentro de um envelope que dizia, ao neurologista, com urgência!  -" Vá até um neurologista, se possível agora mesmo e entregue isto a ele. Por favor, não deixe de ir, isto é muito sério!" - "Tudo bem Dr., eu, vou agora! Muito obrigada e que Deus te abençoe."

Antes de irmos buscar o neurologista, eu também tinha uma consulta para entregar, ao clínico geral, os exames que havia feito. Todos aparentemente normais! Sentimos que o médico também ficou assustado com o fato do meu olho ter fechado de repente. Minha mãe mencionou que a situação ocorreu depois da medicação receitada por ele, o que o irritou bastante. Ao falarmos sobre a consulta com o Dr. Rubens, ele também sugeriu que fôssemos o mais rápido possível a um neurologista.

Eu me sentia muito fraca naquele dia. Fomos em duas clínicas próximas e nenhuma delas tinha um neurologista que estivesse atendendo naquela hora. A terceira tentativa foi um pouco mais longe... Caminhei meio que sem forças. Minha mãe, esteve ao meu lado o tempo todo, me ajudando durante o percurso. Ao chegar lá, a sala de espera estava lotada. O Dr. Raul era um médico muito procurado e bem recomendado por todos. Minha mãe pagou pela consulta e só nos restou esperar e esperar e ... Demorou tanto! Eu escrevi, li ... desenhei ... tagarelei (Sim, eu falo! E muito!), Cochilei e nada ... Fui a última paciente a ser atendida pelo médico. Quando ele chamou o meu nome, dei um pulo daquele sofá de espera, confortável, mas, entediante e, junto com a minha mãe, caminhei até o consultório... 

Continua ...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

"Santa ceia"

Aquela manhã de domingo, em meados de Janeiro de 2004, foi decisiva para mim. Eu acordei e mal conseguia levantar da cama de tanta dor.  Desde criança, não me recordo bem a idade, eu reclamava de dores na cabeça, minha mãe me levou ao médico e nunca esta dor foi entendida como algo que precisasse ser investigado, mas, no último ano, ela parecia ter ficado bem mais intensa, o que me levava a tomar vários comprimidos por dia. Além disso, eu comecei a sentir tonturas, esquecer algumas coisas e, inclusive o meu rendimento escolar, que sempre foi ótimo, estava indo muito mal. Eu passei a ficar preocupada com a situação porque já faziam alguns anos que eu tinha o mesmo sonho no qual eu estava em uma cadeira de rodas e sem os meus cabelos... Nesta época, o meu relacionamento com Deus continuava afetado pelos meus sentimentos. Eu tinha altos e baixos com Ele e, não conseguia ter uma convicção de sua existência. Era um conflito muito grande no meu interior. Nas minhas orações, eu só procurava entender quem Ele era e se Ele realmente era...  E o motivo pelo qual Deus permitia tantas coisas ruins, se a bíblia diz que "Ele é bom em todo o tempo".

Eu nunca deixei ninguém perceber os meus momentos de profunda tristeza, sempre sorria para os outros e fazia muitas piadas, quando, na verdade meu coração estava sangrando. Eu tinha desejo de morte. Quando ficava sozinha em casa, me via pelos cantos chorando e, por vezes, já procurei coisas que poderiam me machucar. Ninguém nunca desconfiou que, aquela menina tímida, mas, ao mesmo tempo, tão comunicativa dentro do seu meio social, estava em pedaços.

Estava sozinha em casa, pois minha mãe e minha irmã haviam ido bem cedo para a igreja e o meu pai, como sempre, não estava em casa. Eu costumava ir sempre após o culto, apenas para a limpeza do templo ou para os ensaios do louvor. Fiquei muito assustada, pois sentia muita tontura e uma dor intensa em minha cabeça. Eu pensei que poderia morrer naquele mesmo dia.  Me arrumei, com muita dificuldade, e fui para o culto, quase caindo pela rua. O sol estava muito forte! Era verão e eu nem sabia mais o que estava fazendo.

 Durante a ministração da santa ceia, senti que Ele começou a responder aos meus questionamentos. E, o mais incrível é que a sua resposta não foi de fúria e sim de COMPAIXÃO. A partir deste dia, eu começaria a entender que a misericórdia de Deus é muito maior que o seu juízo. "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha", I CO, 11. 

 Eu comecei, então a refletir sobre a morte de Jesus e passei a ouvir sua voz que acalmava o meu coração e me ajudava a me manter de pé. Foi uma ceia de RECONCILIAÇÃO. Eu finalmente estava entendendo que o ser bom em todo o tempo, não significa que Ele é bom somente nos tempos de alegria, mas, que a sua bondade permanece, inclusive em nossos momentos de maior debilidade. A minha cabeça estava explodindo e, o remédio, não fez efeito algum. Confesso que eu me sentia envergonhada de estar ali diante Dele, pois parecia que eu estava me rendendo por medo, mas, na verdade, eu estava começando a associar algumas coisas que me fizeram compreender que Ele estava comigo e que jamais me abandonaria. Ao encontrar com minha mãe e irmã, após o culto, contei o que estava acontecendo e fomos para casa. Eu mal podia imaginar tudo o que estava prestes a acontecer... 


Continua ...

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Deus é Deus?

Nem todas as perguntas podem ser respondidas de imediato. As minhas perguntas levaram anos para serem respondidas e, até hoje, eu sigo com muitas outras dentro de mim. Quando comecei a pensar na possibilidade da não existência de Deus, tinha apenas 14 anos. Eu estava vivendo uma fase muito complicada em minha vida. Nas verdade, as coisas já estavam mal desde quando eu era criança, mas, aquele dia, mudou o rumo dos meus pensamentos...

Meu pai nunca foi um homem que demonstrasse afeto por sua família. Eu sempre me senti rejeitada por ele e, desde muito pequena, acompanhei os problemas entre ele e a minha mãe. Eu nasci em uma época muito complicada. Minha mãe havia se inteirado das traições do meu pai e, quando pensou que poderia estar grávida de um segundo filho(a), desejou que isso não estivesse acontecendo. Ao confirmar a  gravidez, ela  me recebeu muito bem, apesar de tudo o que estava passando. Por outro lado, o meu pai não ficou nada feliz com a ideia... Eu sempre fui uma menina muito observadora e isso contribuiu para que eu me inteirasse dos motivos das inúmeras brigas em casa. Confesso que eu sempre tive uma certa "inveja" das outras crianças que tinham os seus "pais normais". Naquele sábado, eu estava indo ao culto com grandes expectativas, mas, ao ver o meu pai de mãos dadas com aquela mulher, eu acabei esquecendo todas elas. Ele, sem sucesso, tentou disfarçar. Eu, passei por ele e fingi que não o conhecia. Desde criança eu já sabia que meu pai buscava outras mulheres na rua, uma delas, era uma vizinha que, inclusive já frequentou a minha casa... Mas por que, então eu me senti tão frustrada se eu já sabia de tudo? Eu nunca havia visto os dois juntos. Por toda a minha vida, eu nunca vi o meu pai ter um ato de carinho em relação à minha mãe. Do contrário, ele sempre a tratou mal. E por que sua mãe aguentou toda esta humilhação? Ela sempre trabalhou, mas não tinha condições de nos manter sozinha. Este foi o único motivo pelo qual ela permaneceu com ele. Até então, eu sofria com esta situação, mas a cena que eu presenciei me trouxe um sentimento de raiva misturado com uma total incapacidade... Afinal de contas, se Deus realmente existisse, uma mulher tão boa como a minha mãe não estaria passando por esta situação, foi o pensamento que esteve na minha mente por muito tempo, após este dia. A partir de então, aquela adolescente, que havia me batizado aos 12 anos, quando descobriu que era completamente apaixonada por Jesus, se tornou em alguém que buscava muitas respostas.

Eu não conseguia entender porque aquele sonho se repetia com tanta frequência... Eu estava em uma cadeira de rodas e não tinha mais os meus cabelos! Na igreja, eu cantava no grupo de louvor, tocava teclado e ia aos cultos quase todos os dias. Por que alguém que era ativa a igreja iria ter dúvidas sobre a existência do Deus o qual prestava culto e adoração? O fato é que, muitas pessoas, apesar de trabalharem para o reino, não conhecem o seu criador e eu fazia parte delas. Em minhas conversas com "aquele, até então, possível Deus" pedia insistentemente que Ele me provasse sua existência de alguma forma, pois, sinceramente eu estava muito cansada de fazer tantas coisas e não obter uma resposta concreta. "Se você realmente existe, me mostra e me faz crer porque, eu já tentei inúmeras vezes, e não consigo. Se quiser pode, se vingar de mim, me mata, pois é o que mereço e preciso"... O que eu não sabia é que Ele não somente existe, mas é um Deus que exerce de misericórdia para com seus filhos e eu, ali tão indigna, jamais poderia ter imaginado que aquela oração seria ouvida...